Monday, November 27, 2006

IVG - sim ou não?

O Aborto
Sinto que tenho, obviamente, de me penitenciar e assim apresentar um pedido de desculpa à Vanadis, que me continua a incutir alguma curiosidade em saber quem é, por ter completamente monopolizado o seu post acerca do aborto.

Não o fiz, certamente por um desprezo em relação ao tema, pois esse não existe da minha parte. Apenas a imagem apresentada, alusiva ao primeiro-ministro, me fez desviar as atenções. Como tal, reinicio-o aqui, e apelando para que todos os créditos positivos que possam advir daqui, sejam entregues nas suas devidas proporções à vanadis e a quem comenta, claro está.

Aliás, é mesmo dos temas que mais me preocupam, juntamente com o tema da violência doméstica, que, pelo que tenho podido constatar nos meios de comunicação, apesar de vários esforços de muitas instituições, polícia e tribunais, continua a crescer, e a deixar impunes 19 em cada 20 agressores, e do comportamento do PCP, que não tendo o peso eleitoral de outros tempos, tem um peso socialmente democrático e defensor da classe social mais desprotegida, tentando lutar contra o corporativismo e contra o capitalismo, nomeadamente nos despedimentos em massa ou parciais, pese embora não tenha o mesmo comportamento dentro do seu próprio partido, que o diga Luísa Mesquita.

Mas, tentando não cometer o mesmo erro novamente…

Devo começar por dizer que a despenalização do aborto através de referendo estava desde o início, incluída no Programa do Governo. Fico contente por não termos sido defraudados, pois parece que vai mesmo seguir em frente. Quinta-feira irá ser apresentada uma proposta de referendo no Parlamento.

Ora, no referendo, basicamente vamos ter de decidir “sim” ou “não”, mas a pergunta não é somente, “queres a legalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG)?”, ou melhor, no final é!

Por mim a questão poder-se-á colocar em vez do “sim” ou do “não”, da seguinte maneira:

1- Estás disposto a conviver tranquilamente com o aborto clandestino.
2- Queres que o aborto passe para a legalidade e para a segurança da assistência médica.

E então, cada um votaria no número 1 ou 2 conforme a sua consciência.

Ok, admito que poderá ser algo tendencioso, mas isso porque não consigo conceber as imagens que vi no outro dia, com pessoas a gritar como se não houvesse amanhã e com cartazes como “Despenalizar é aceitar o crime”, ou, “Não à interrupção voluntária da VIDA”, ou ainda “Morrer antes de Nascer é cobardismo”

O aborto já é legal em razões de saúde da mulher, malformações do feto e violação. Penso que isto já é sabido por todos.

A lei tal como está, e é a que ficará caso não seja aprovado o referendo, ou mesmo depois deste, se ganhar o “não”, considera que as pessoas que primeiro deveriam ser penalizadas são quem executa o aborto e não as mulheres que o praticam, mas como dificilmente, e por razões claras, se chega a quem executa, faz-se uma perseguição cabal as estas mulheres, que se contarmos que para o facto de as ter levado a tal decisão poderá ter sido na grande maioria, por razões sociais e económicas, mais gritante se torna esta injustiça, quando o fazem numa garagem, quando existem mulheres com recursos e que vão realizar abortos no estrangeiro.

Não querendo iniciar e acabar esta “conversa” sozinho, abrindo o espaço a quem quiser continuar ou contrariar, pergunto, e ainda bem que estarei acompanhado por quem terá uma noção mais apropriada na área:
até às 10 semanas, poder-se-á dizer que existe uma pessoa?

9 comments:

Ana said...

Bem, primeiro que tudo, acho que não me deves nenhum pedido de desculpas, lol!! NO post anterior, a conversa tanto dava para o primeiro ministro como para o aborto, e já agora aprendiam-se umas coisinhas una com os outros. Porque um blog também serve para isso, para se aprenderem coisinhas uns com os outros!
Quanto á questão da minha identidade, lolololololol. Pois, isso não te posso ajudar muito, porque uma pessoa é mais do que fotos e palavras num blog!!! Nas fotos do halloween sou a mulher abóbora, trajada e pintada de maneira a ficar o mais irreconhecivel que desse, lollololol, tanto que ao fim da noite já queria marcar hora na estecista e na cabeleireira...

Quanto ao tema do aborto, posso dizer que subscrevo o que o Red Fox aqui diz. É um tema, como muitos outros, polémico. É um tema em que é preciso definir não só o que é Vida, como também os direitos do embrião e da mulher que o tem no ventre. Ora, parece-me que até agora ninguém conseguiu definir nada disso...
Como mulher, parece-me totalmente absurdo que o Estado possa dispor assim do meu corpo e decidir que eu sou obrigada a ter uma criança que não desejo e cujo nascimento trará mais problemas que alegrias, sem sequer me apoiar economicamente e socialmente no nascimento e educação dessa criança. Se a pergunta fosse, SE o estado se comprometer a ajudar a família a sustentar, economicamente e socialmente, a criança até aos seus 18 anos, continuarias a ser a favor da despenalização da IVG? Obviamente que se isso fosse possível e viável, eu responderia que era contra a interrupção voluntária da IVG. Mas como não é...
Como não é, e a somar a isso existe uma quase total falta de esclarecimento ao nível do planeamento familiar entre a maioria dos portugueses (ainda no outro dia a minha aula de quimica virou aula de educação sexual sobre a ineficiencia de coito interrompido e a necessidade de preservativo), imaginem a quantidade de mulheres e meninas (sim, meninas, crianças) que de repente se vêm com uma criança nos braços, sem saber como a sustentar, como a amparar...e lá vão elas, clandestinamente, fazer o desmancho. Muitas não voltam...
Por outro lado, não acho que o facto de se despenalizar o aborto implique que se cague para o planeamento familiar. Não esqueçamos que um aborto é uma experiência bastante traumática para uma mulher (e mais ainda para uma criança-mulher)...se puder ser evitado...e depois ainda há quem veja o aborto como um método contraceptivo...ohohoh, longas discussões já eu tive com quem via a coisa assim... "eh pá, não faz mal porque se engravidar, aborto!". Portanto, cuidado, esperemos que se o Sim vencer, não haja um completo lavar de mãos das responsabilidades do Estado e dos educadores quanto ao planeamento familiar e à educação sexual!

Bem, com isto tudo, pesando prós e contras, só posso dizer que a minha resposta vai ser SIM à despenalização da IVG, uma vez que considero os prós mais pesados que os contras.

Quanto à questão de às dez semanas se poder falar em vida...pois, honestamente, depende da perspectiva. De um ponto de vista redutor, ás dez semanas temos um aglomerado de células, não um ser humano completo. De um ponto de vista semântico, esse aglomerado de células é um ser humano em potência, virá a ser alguém se lhe derem essa oportunidade! Vida, é de certeza, de ambas as perspectivas, acho eu.
Talvez a questão devesse ser se às dez semanas já se pode falar em ser humano...

ganda said...

bom isto é sempre debate controverso e tem varias visoes.

1) o facto de se permitir o aborto pode fazer com que as pessoas se desconciencializem que quando a gravidez acontece seja 1 dia ou dez semanas, existe ali o potencial para se gerar um ser humano. despenalizar pode levar a banilizacao.

2) nao despenalizar é apenas um tapar de olhos.

3) Quem recorre ao aborto ou IVG, normalmente nao o faz de animo leve e de consciencia tranquila, mas isto dito por alguem que se considera minimamente ponderado e com alguma consciencia (eu) e isso nao se pode generalizar.

O meu voto seria para o sim para a despenelizacao por diversas razoes.

Ana said...

Eh pá, machus, parem lá com isso e metam as estaladas atrás das costas! Exaltaram-se os dois, pronto, mas naum é pexiso zangarem-se assim, páh!!! Vá lá. Era uma pena se deixassem de comentar e descomentar.

Subscrevo a dedinha e o ganda. É controverso, é. Eu também sou um pouco Maria vai com as outras...mas tal como a Dé, nesta questão nunca tive dúvidas: vota SIM, sim à despenalização do aborto. Obviamente que vão continuar a surgir muitas questões contra. Mas vamos lá a ser práticos, despenalizado ou não, vai continuar a fazer-se, portanto, mais vale que o possa ser em condições...

É ao falar destas coisas que me apercebo que sou utopicamente contra a inseminação artificial por uma simples razão: a quantidade de crianças abandonadas, orfãs e abortadas...para quê gastar rios de dinheiro, saúde e paciencia quando há tantas crianças a precisar de ser amadas?? Obviamente que há a questão do ror de burocracia envolvida na adopção. Nos pais que primeiro dão e depois tiram. A questão genética, o instinto de procriação...enfim.

Ana said...

Agora façam todos um momento de reflexão e expliquem-me porque é que o tema "futebol" e "clubes" levou a 38 comments, e o tema da IVG tem 30 comments a menos?...vamos lá, 1 minuto de reflexão... ;-p

Com isto apenas quero dizer que há cenas mais urgentes e prementes do que o clubismo. ;-p

ganda said...

epá pq ao contrario do clubismo isto é um assunto muito mais delicado, primeiro porque muita gente nao tem opiniao formada, depois porque muita gente tem simpatia por argumentos das duas partes, logo torna-se dificil opinar.

Depois porque o clubisto é como a tua honra e tu nao gostavas que pusessem a tua honra em causa, ao passo que para a generalidade das pessoas o sim ou o nao, nao lhes diz muito a nivel pessoal.

e sim há coments que podiam muito bem ter sido poupados aos demais comuns, pelo menos neste post...

Ana said...

Bem, isso dos clubes ser a honra de um gaijo ou gaija...eh páh, naum sei, sou suspeita, porque nunca associei as duas coisas, acho...costumo opinar qd acho que a coisa já anda irracional. Por ex, compreendo que para um benfiquista o seu clube seja o melhor...mas quem está em primeiro no campeonato, quem é?... ;-p Quanto à cena do guiness, eh páh, bué da nice, p mim é bué da nice ter um clube portuga no guiness, mesmo que metade dos sócios sejam recém-nascidos ou animais de estimação...será que posso tornar as minhgas caturras sócias??? SEmpre ajudava à festa... ;-p vá, vá, tou só no gozo, naum é para chatear ninguém oki? ;-)

Pessoal, vamos a ter calma, tim?...Pensem lá, então vão-se pôr à estalada por causa do futebol? Qual honra qual carapuças, honra é ser descendente do Afonso Henriques (e daí talvez não) e saber controlar os instintos territoriais e a testosterona (vá, e os estrogéneos tb...).

Concordo com o Ganda, a IVG é um assunto controverso. Mas há que tomar decisões, e na minha opinião o SIM tem de vencer. Vença o sim ou não, os abortos vão continuar a ser feitos. Mais vale que possam ser dentro de condições minimas e com apoio minimo, daí o SIM ser importante.
Agora, que tem de se investir mais na educação sexual e no planeamento familiar, ai isso continuar-se-a sempre a ter de desenvolver...

Ana said...

Acho que o cú não tem que ver com as calças...aborto e heroína são assuntos distintos. Acho que o maior argumento a favor da despoenlaização da IVG é precisamente dar um mínimo de condições a quem interrompe voluntariamente a gravidez. Acho que é um argumento muito válido. E não acho que se possa comparar com toxicodependencia...
Quanto ás meninas a quem não lhes apeteceu usar preservativo, have-las-á sempre, quer a IVG seja despenalizada, quer não. E, honestamente, só o trauma por que vão passar é já de si um castigo suficiente para a preguiça de não usar preservativo...

Qunto à toxicodependencia sou muito suspeita para falar disso porque abomino heroínomanos, em virtude de uma experiencia muito mas muito má com um deles. Não tenho peninha nenhuma, estão nessas condições porque quiseram e porque são fracos. Posso estar errada e a ser insensivel, mas eles que vão pó raio que os parta... ;-p

Ana said...

Desculpa, mas qd um heroínomano te inferniza a vida e ainda te ameaça com um tiro na cabeça, desculpa lá, mas eles que vão para o raio que os parta. Quando destroem famílias inteiras.

Numa cena concordo com a Dé, não há fortes nem fracos. Mas pode haver espertos e estúpidos. E com a quantidade de informação que há hoje, deixar-se ir pelas ruas da degradação total que é a toxicodependencia, pás...isso não é ser esperto...
E quando pelo caminho arrastas todos os que te tentaram ajudar...e quando tudo o que fazes é culpa dos outros...e quando roubas, mentes, ameaças...bem, vão pó raio que os parta. Acho que se falares com pessoas que tiveram de lidar pessoalmente com essas situações, elas são capazes de te dizer o mesmo...

Ana said...

Então um gajo/gaja que rouba, ameaça, mente é considerado um sacana, e qd ele é toxicodependente já tem desculpa?? Não acho que tenha. Senão, olhem, o Saddam, o Hitler, o Estaline e essa cambada toda, tadinhos deles, eram toxicodependentes, temos de os apoiar...ah não!!

Agora, outra coisa é alguém que tenha essa doença e se disponha REALMENTE a combate-la. Aí, terá todo o meu apoio. Mas se mente, rouba e ameaça as pessoas com tiros na cabeça, que vá para o raio que o parta.

Quanto ao aborto, como já disse e já deu para perceber, não acho que se possa comparar aborto com toxicodependencia,ponto final. É a minha opinião. Tens a tua, opi, respeito isso, e não estou a tentar mudá-la, tal como não vou mudar a minha.
Mas concordo plenamente ctgo e com o ganda: não é um assunto linear. Mas tb, qual é o assunto q é linear??? Tudo tem duas faces! É preciso é chegar a um consenso. No caso do aborto, volto a repetir: como irá ser sempre feito, mais vale que seja feito em condições. Obviamente que as meninas e meninos q usam o aborto como contraceptivo vão ficar deliciadas/os, mas isso é uma questão de mentalidades que sempre existiu.
Como tem de ser do mal o menos, SIM ao aborto, nem que tb seja por uma questão de uma mulher ter direitos plenos sobre o seu corpo.